16 de maio de 2010

Ensaio

A boneca de pano

Apenas um brinquedo bonito, que chama atenção,
Não tem coração, pode colocá-la onde quiser,
Pode falar o que quiser.
Pode jogá-la no lixo e depois pega-la,
Ela permanecerá te esperando e sorrindo.
Pode deixá-la na chuva, no sol, no vento,
Recolhe deixa-a no chão. Se estiver molhada ou quente
O vento a fará voltar a sua temperatura normal.
Não precisa vê-la ou tocá-la, não tem significado isso para ela.
Pode chamá-la de princesa, de bruxa de escroto,
Ela não saberá a diferença,
E você se sentirá melhor por dizer o que senti.
Pode esquecê-la por um tempo,
Ela não se lembrará de você,
É apenas uma boneca de pano
Não existem veias, apenas costuras,
Não existe coração, é apenas pano,
Não existe memória, são linhas.

A boneca começa a ficar velha, feia, com furos, rasgos, manchas.
Não precisa costurá-la, remendá-la ou eliminar as suas manchas,
É apenas um brinquedo que pode ser substituído por tantos outros
Maravilhosos e interessantes que existem no mundo.
A boneca está velha não serve mais para brincar,
Seu destino é o lixo!

  - Mas que pena jogar uma boneca que resistiu certo tempo!

Deixe-a na caixa de brinquedos, serve para recordações,
Serve para puxar os panos de dentro de sua cabeça, do seu corpo.
Serve para brincar um dia, quem sabe?
De repente a boneca sumiu.
Ah! Era apenas um brinquedo velho alguém a jogou no lixo,
Não faz falta, era... Descartável,
A brincadeira continua...

2 comentários:

Diniz Neto disse...

Na sociedade materialista que vivemos sentimentos são descartáveis, pessoas são descartáveis, não fazem falta... e assim a brincadeira sempre vai continuar. Gostei, Andréia!

Andréia disse...

Que bom que vc gostou Diniz. Penso exatamente como vc. A sociedade capitalista nós torna descatáveis...